Ex-executivo do Facebook diz que site está 'destruindo a sociedade'

Para Chamath Palihapitiya, crescimento de redes sociais resulta em 'falta de cooperação, desinformação, mentira'

POR O GLOBO
Chamath Palihapitiya: arrependimento por trabalhar no Facebook - Brendan McDermid/Reuters

WASHINGTON — Um ex-executivo do Facebook provocou polêmica após afirmar que se sente “tremendamente culpado por contribuir para o crescimento da rede social”, que, segundo ele, erodiu “os principais fundamentos sobre como as pessoas se comportam e agem entre elas”.

Chamath Palihapitiya, de 41 anos, começou a trabalhar no Facebook em 2007 e deixou a empresa quatro anos depois. Ele ocupava o posto de vice-presidente para o crescimento de usuários. Quando começou, afirma, não havia muita reflexão sobre as consequências negativas a longo prazo do desenvolvimento da plataforma.

— Acredito que, no fundo, nós tínhamos uma ideia de que algo ruim poderia acontecer — disse Palihapitiya, em uma palestra na Universidade de Stanford, nos EUA, em novembro. O vídeo da apresentação foi divulgado na última segunda-feira pelo site “The Verge”.

O Facebook conta hoje com 2 bilhões de usuários mensais. Mas a habilidade de conectar e compartilhar informações tão rapidamente, assim como a avaliação instantânea dada e recebida pelos usuários por seus posts, teriam resultado em consequências negativas, avaliou Palihapitiya:

— Criamos ferramentas que estão destruindo o funcionamento de nossa sociedade. É um ciclo de dopamina que, a curto prazo, diz: ‘sem discurso civil, sem cooperação, desinformação, mentira’. E isso é um problema global — alertou.

A rede social rebateu os comentários do ex-executivo em um comunicado divulgado na última terça-feira, afirmando que Palihapitiya deixou o emprego há mais de seis anos e que agora a empresa é “muito diferente” em relação àquela época.

— Todo mundo deve refletir um pouco sobre o que está disposto a fazer — afirmou o ex-executivo. — Por causa de seu comportamento, vocês não percebem, mas estão sendo programados. Não foi intencional, mas agora você tem que decidir o quanto está disposto de desistir de sua independência intelectual.

O problema, segundo Palihapitiya, não é exclusivo do Facebook, estando presente também em redes como o Instagram, Twitter e Snapchat.

Antes de Palihapitiya, outros investidores e empregados do Facebook revelaram ter se arrependido por contribuírem para o crescimento da empresa.

Em novembro, Sean Parker, um dos primeiros investidores na rede social, afirmou que tornou-se um “objetor de consciência” à rede social, e que o Facebook e outros sites tiveram sucesso ao “explorar a vulnerabilidade da psicologia humana”. O ex-gerente de produtos Antonio Garcia-Martinez avaliou que o Facebook é baseado em sua habilidade em influenciar os usuários a partir da coleta de seus dados e escreveu um livro sobre seu trabalho.

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